segunda-feira, 17 de março de 2014

Lendas e Motores - NSU RO 80




O NSU RO 80 era um automóvel muito espaçoso, capaz de transportar de forma confortável e agradável quatro adultos, tantos quantos os lugares que possuía. Construído com uma qualidade acima da média de então, padeceu no entanto de alguns problemas mecânicos, que o tornaram pouco apetecível e desejado no mercado. Mal amado por muitos dos seus proprietários, que não percebiam muito bem a elevada tecnologia do carro, a sua reputação de pouco fiável levou a que, por exemplo, os seus motores rotativos fossem substituídos por bem mais convencionais motores V4 ou V6.
Pouco conhecido fora da Alemanha, o NSU RO 80 começou a ser produzido em Outubro de 1967. Até Abril de 1977, saíram da linha de montagem 37.204 veículos. Hoje em dia, por causa da sua baixa popularidade, exemplares originais em bom estado são escassos e com preços demasiado inflacionados; todavia, a teoria de que o RO 80 foi um fiasco tecnológico, tem sido, pouco a pouco, ultrapassada, em muito traças à perseverança da Mazda, que continuou nos anos seguintes a apostar nos motores rotativos para parte da sua frota.
Porém, apesar das debilidades da sua mecânica, o NSU RO 80 foi um dos automóveis mais avançados tecnologicamente para aquela época. O RO da sua designação identificava o tipo de motorização que utilizava – dois pequenos motores rotativos Wankel, de 497,5cc cada, totalizando 995cc. Estes motores produziam uma potência de 115 cv, valor tanto mais admirável quanto a sua pequena cilindrada. O RO 80 alcançava os 180 km/h e acelerava dos 0 aos 100 km/h em 13,1 s.
Mas havia mais: o NSU RO 80 tinha tracção dianteira e a transmissão estava a cargo de uma caixa semi-automática de três velocidades, sem embraiagem: em vez disso, era um botão situado no alto da alavanca e que operava um sistema de vácuo, que engatava ou desengatava as engrenagens, sendo as mudanças metidas através da alavanca, que utilizava em convencional “H”.

Além disso, o NSU RO 80 tinha travões de disco Dunlop ATE às quatro rodas, algo raro então e só aplicado em viaturas de grande luxo. As suspensões eram independentes nas quatro rodas, sendo a dianteira tipo MacPherson e a traseira composta por braços triangulares sus-pensos, à semelhança daquilo que hoje em dia é comum nos automó-veis. A direcção era de pinhão e cremalheira ZF, com assistência, de acordo com os desenhos mais recentes.

Tal avanço tecnológico resultou fatal para a NSU. Muitas vezes, logo após os primeiros 50 mil quilómetros, era comum ter que se refazer totalmente os motores, que apresentavam cada vez mais problemas logo a partir dos 25 mil quilómetros. O mais comum era o desgaste nos rotores, que levavam os RO 80 com frequência às oficinas. E, aqui, o drama continuava: sem perceberem bem aquele tipo de mecânica e sem bases técnicas para solucionarem o problema, muitas vezes os carros regressavam ainda em pior estado às mãos dos seus descon-solados proprietários.

Com a reputação arruinada e financeiramente desgastada, a NSU foi adquirida pela Audi em 1969. Porém, isso não resolveu o problema da fiabilidade dos RO 80: a publicidade tem destas coisas e o RO 80 nunca recuperou da sua fama de mau carro. A tal ponto os problemas de motor eram conhecidos que a sua popularidade caiu pelas ruas da amargura. Os seus donos decidiram cortar o mal pela raiz, desfazen-do-se dos pequenos e leves motores Wankel e substituindo-os por um dos mais pesados então existentes no mercado – o Ford V4 “Essex”, que então equipava a Transit Mk I. E foi pior a emenda que o soneto…
Ironicamente, registe-se um pequeno pormenor: o NSU RO 80 foi eleito Carro do Ano em 1968, pelas revistas europeias da especialidade!



Fonte : Autoandrive



Espero que gostes Correia ;)

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