sábado, 16 de agosto de 2014

Lendas e Motores - Jordan 199


Na época de 1998, aconteceram diversos fatos importantes dentro da Jordan: o contrato com o campeão de 1996 Damon Hill, a substituição do engenheiro Gary Anderson por Mike Gascoyne, que até então trabalhava com Harvey Postlethwaite na Tyrrell, a troca dos motores Peugeot pelos Mugen-Honda e finalmente a primeira vitória na tumultuada corrida da Bélgica, em Spa Francorchamps, com direito a uma dobradinha. Após esta prova, foi confirmado que no ano seguinte haveria uma troca entre Ralf Schumacher e Heinz-Harald Frentzen, da Williams, o que criou uma grande expectativa quanto ao rumo da equipe em 1999.
O início de temporada foi ótimo, com os superiores pneus Bridgestone, o novo e mais leve propulsor MF-301HD da Mugen, diversas evoluções preparadas por Gascoyne e um design tão bonito quanto agressivo, a equipe conquistou muitos fãs e também um segundo lugar com Frentzen na primeira corrida em Melbourne, desafiando Eddie Irvine da Ferrari, mas com os italianos a conseguirem colocar o piloto irlandês na frente após os pit-stop e decidindo o resultado. Hill abandonou com um acidente na terceira curva com o Prost de Jarno Trulli, o que já precedia o desastre que seria sua última campanha na Fórmula 1.



No decorrer do ano, o carro constantemente se qualificava no top-10 e ia crescendo graças à economia do motor japonês, mas o seu trunfo também se colocava como o calcanhar de Aquiles, pois a maior economia se devia ao fato do equipamento da Mugen render 110 cavalos de potência a menos que os Mercedes e Ferrari, o que era em parte compensado pelo peso consideravelmente melhor e um chassis com muita pouca drag (força de arrasto, que “segura” o veículo diminuindo a velocidade do mesmo) perante seus concorrentes, mas ainda não era o suficiente.
Hill foi o primeiro a bater no infame “muro dos campeões” (precedendo Michael Schumacher, Jacques Villeneuve e Ricardo Zonta ) na prova no Canadá em uma disputa com Alex Zanardi, encontrando-se Frentzen em segundo lugar quando perdeu os travões a quatro voltas do final, sofrendo um grave acidente e levando a que a corrida termina-se com todos os carros atrás do pace car. 

Em Magny Cours finalmente a vitória, com a chuva na qualificação, Rubens Barrichello fez a pole position de Stewart, Heinz-Harald largou em quinto na grelha e Damon Hill em décimo-oitavo. De início, uma grande batalha do campeão de 1996 com a Ferrari de Eddie Irvine, que durou até a décima volta momento em que o irlandês começou a subir posições. Frentzen fez sua parte, utilizando uma boa estratégia à chuva e uma corrida inteligente para ir ganhando posições, conseguindo a mais bela vitória de sua carreira.


Após isso, uma série de desempenhos constantes, com o piloto alemão conseguindo terceiros lugares na sua terra natal e na Bélgica e Hill pontuando constantemente, com Frentzen a conseguir a sua segunda vitória em Monza: a Mugen-Honda, apesar de consideravelmente menos potente, tinha uma excelente performance em altas rotações, falhando nas baixas, o que garantia desempenhos sensacionais em pistas de velocidade elevada e apenas maus resultados nos circuitos mais sinuosos, somando isso com os defeitos da mecânica do chassis do Jordan 199, temos os factores que distanciavam o 199 do tão sonhado campeonato mundial.
Uma quebra no Grande Prêmio da Europa (Nürburgring) isolou de vez Häkkinen e Schumacher na disputa pelo Titulo Mundial, de certa forma desmotivando os pilotos, assim Frentzen apenas pontuou nas duas últimas etapas. No Japão houve a última corrida de Damon Hill, que acabou culminando em um vergonhoso episódio onde o inglês parou o carro nas boxes e abandonou, alegando demasiada fadiga para continuar, encerrando assim 1999. Mika Häkkinen da McLaren ficou com o seu segundo e último título na categoria máxima do automobilismo.
Grande parte do péssimo desempenho do Hill se deu pela idade, mas é importante citar as dificuldades que o piloto teve com os novos pneus (que tinham quatro sulcos, ao contrário dos três de 98 e os slicks de 97).
De fato, o Jordan 199 foi o melhor carro da história da equipe inglesa, os seus sucessores, começando pelo EJ-10, nunca conseguiram chegar perto dos desempenhos apresentados pelo modelo guiado por Frentzen e Hill, o que se deu muito por questões de dinheiro e a falta de um apoio constante de um Construtor (Honda) perante seus concorrentes.




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