quinta-feira, 1 de maio de 2014

Lendas e Motores - Ayrton Senna - 20 Anos


"Uma batida desperta coisas dentro da gente que normalmente não existem. É uma batalha interior, uma verdadeira guerra psicológica, uma situação que mexe com a razão da gente mesmo quando se quer controlar a cabeça e os instintos. Acidentes mostram como somos frágeis e um erro, um simples problema mecânico, pode nos deixar abalados mentalmente, fisicamente ou até nos tirar a vida." Essas palavras, tristemente proféticas, foram ditas por um dos maiores pilotos da história da Fórmula 1, Ayrton Senna, que no dia 1.º de maio de 1994, em Ímola, tornou-se vítima de sua paixão pela velocidade. Os 20 anos que se passaram desde sua morte não foram suficientes para que Senna fosse esquecido. Muito pelo contrário. Seu legado faz parte da rotina da categoria, a começar por um aspecto vital: a segurança dos pilotos.

"Basicamente, três áreas foram desenvolvidas depois do acidente do Senna: a segurança dos carros de competição propriamente ditos, o equipamento pessoal dos pilotos e a segurança das pistas", explica o médico Dino Altmann, há 24 anos na Fórmula 1 e um dos 16 especialistas da comissão médica da Federação Internacional de Automobilismo (FIA).

A tragédia que tirou a vida de Senna, causada por uma série de fatores (entre eles a quebra da barra de direção de sua Williams), serviu para apontar aos especialistas onde estavam as falhas e os riscos nos veículos e nas pistas. Tanto que ele foi o último piloto a morrer em uma corrida de F-1 (ocorreram posteriormente duas mortes, ambas de fiscais de pista).


Entre as inovações surgidas após a morte de Senna – e que poderiam ter salvado a sua vida se tivessem sido adotadas antes –, estão ideias simples como o Hans (suporte de cabeça e pescoço) e um sistema que impede as rodas de se soltarem.

"Em função da consequência dos acidentes, existe uma proteção maior evitando aquele tipo de problema. Depois de 1994, o conceito passou a ser de dentro para fora, ou seja, do piloto para o exterior. O cockpit passou a ser o ponto mais estratégico, onde aumentou muito mais a resistência aos impactos laterais e frontais", conta Altmann.

A opinião é compartilhada por quem está dentro do cockpit. Para infelicidade dos brasileiros, o acidente mais grave sofrido por um piloto no período pós-Senna aconteceu justamente com um compatriota. Em 2009, Felipe Massa, na época defendendo a Ferrari, foi atingido na cabeça por uma peça que se soltou da Brawn de Rubens Barrichello. Mesmo assim, Felipe ressalta a mudança nas pistas e nos carros e festeja as condições de que dispõem os competidores agora. "As condições de segurança dos carros melhoraram demais, com a incorporação de materiais mais resistentes e leves, como a fibra de carbono", afirma Massa. "Tanto que ninguém mais morreu numa corrida de Fórmula 1. Na China, por exemplo, as áreas de escape são tão amplas que é praticamente impossível bater."

"Com a morte do Ayrton, há uma nova preocupação em relação à segurança da Fórmula 1. Depois do acidente dele, tudo melhorou, desde o atendimento ao piloto até as equipes de resgate", confirma o bicampeão da categoria Emerson Fittipaldi. "Hoje a Fórmula 1 é um esporte seguro, é só você ver o número de pilotos que se machucaram nos últimos 20 anos", afirma Altmann.

Evidentemente, Ayrton Senna deixou como herança muito mais do que apenas a preocupação com a segurança na Fórmula 1. O piloto ainda é lembrado com enorme idolatria. Dentro das pistas, é considerado um dos maiores de todos os tempos. Fora, está marcado como símbolo de perseverança.






2 comentários:

  1. lembro-me desse dia com se fosse ontem

    tinhamos ido almoçar fora com amigos dos meus pais, programei o gravador VHS para gravar a corrida, quando saímos do restaurante deu na notícias que Senna tinha dito acidente grave lembrei-mo do que se tinha passado no dia anterior e ficou lavado em lágrimas, parámos no semáforo e dissemos aos nossos amigos o que estava a dar na rádio, o programa seguinte ficou cancelado e foi tudo a correr para casa.

    Morreu o meu herói de criança... sempre fui apaixonado por automóveis e corridas, idolatrava o Senna e o que ele conseguia fazer em pista mesmo quando tinha material inferior, podia ter mau feitio em pista mas fora dela era muito humilde

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  2. Não só o Brasil, mas sim todo o "mundo" que fala português vibrava e festejava com o Ayrton Senna.Chorei muitas vezes ao assistir as vitíorias do Ayrton numa explosão de alegria e orgulho do meu então jovem coração brasileiro. As emoções eram fortes pela corrida e por assistir a elas nas férias de verão rodeado pelos meus primos que vinham de França e amigos que vinham da Alemanha. Naquele ano sabia que o Ayrton tinha de colocar todo o seu conhecimento ao serviço da Willians Renault para continuar a vencer a forte concorrência da Beneton com o Michael Schumacher, e gigante Alain Prost. Mas eu já tinha visto de tudo por parte do Ayrton e acreditava nas suas capacidades. Nesse triste dia perdi um amigo e chorei sozinho no meu quarto, ainda hoje ao escrever estas linhas fico com os óculos baços da lágrima que teima em cair.Faltei ao trabalho para assistir ao cortejo fúnebre pela televisão portuguesa.Vi a cidade onde nasci receber de regresso um brasileiro "Gigante pela própria Natureza", que do seu jeito serviu de bom exemplo ao mundo. Hoje nada pode separar Ayrton Senna do amor de Deus, e da gratidão dos homens.

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