Nigel Ernst Mansell nasceu em 8 de Agosto de 1953, o terceiro filho de uma família modesta da Inglaterra. Devido ao trabalho do pai, o garoto passou a infância viajando pela Grã-Bretanha, passando por diversas escolas o que não ajudou a melhorar sua performance escolar. Um aluno mediano e com fama de problemático.
Aos 10 anos entrou na sua primeira corrida de kart. Como se tornaria comum na sua carreira, foi preciso um período de muita frustração e combatividade para chegar ao primeiro trunfo. Somente aos 14 anos o jovem Ernst ganhou o seu primeiro troféu. Confiante de suas capacidades, o jovem inglês vendeu um terreno dado pelo pai e um automóvel para pagar seu ingresso na Fórmula Ford inglesa.
Encontrou uma grelha com paridade de equipamentos, onde Nigel brilhou logo na estreia, vencendo o GP de Mallory Park de 1976. Nessa temporada ganhou seis das nove corridas em que participou e no ano seguinte disputou 42 provas da modalidade, facturando 33. Em uma qualificação, em Brands Hatch, sofreu o acidente mais grave de sua vida. Como sofreu uma luxação no pescoço, os seus médicos aconselharam 6 meses longe das corridas, tendo risco de ficar tetraplégico se sofresse nova lesão no local. Três semanas depois o Leão rugia nas pista, inclusive aproveitando a oportunidade de correr com um Lola da F3, facturando um quarto lugar em Silverstone.
Mas a mudança para a F3 traria dificuldades novamente para o bravo inglês. Um contrato de patrocínio com a Unipart obrigava que sua equipa utilizasse os fracos motores Triumph, muito inferiores aos Toyota. Apesar de na estreia ter conseguido a pole-position e um segundo lugar, no resto do ano amargou o meio do pelotão, conquistando apenas mais um quarto lugar e ficando sem contrato para a temporada seguinte.
Desistir nunca foi seu género, então o inglês conseguiu um empréstimo e com a ajuda de pequenos patrocinadores pagou uma temporada na David Price Racing. No meio do campeonato conseguiu sua primeira vitória, em Silverstone, no mesmo final de semana em que a F1 disputava seu Grande Prêmio. O seu estilo lutador atraiu a atenção do mago Colin Chapman, que ofereceu um contrato para o Nigel correr na Lotus.
Como piloto de testes da equipa inglesa impressionou o circo, batendo o recorde da pista de Silverstone o que lhe rendeu a oportunidade de disputar três provas no fim da temporada de 1980. Claro que sua primeira corrida não poderia ser fácil… Um vazamento de gasolina surgiu no início da prova deixando queimaduras de segundo e terceiro grau nas partes íntimas do Leão.
O primeiro piloto da equipa, Mário Andretti, deixou a Lotus no fim do ano, o lugar de Mansell não estava garantido, entretanto. Um dos patrocinadores da equipa queria o experiente Jean Pierre Jarier no cockpit, mas Colin Chapman bateu o pé e confirmou o britânico para 1981.
As quatro temporadas seguintes seriam de muito esforço e pouco retorno, além de muitos corações partidos para ambos os lados, equipa e piloto. Em duas oportunidades o ímpeto de Mansell levou-o a cometer excessos em provas que tinha a oportunidade de vencer, principalmente no famoso GP de Mónaco, em 1984, onde tinha uma liderança folgada e cometeu um erro que terminou sua corrida. Ao mesmo tempo, uma infinidade de falhas mecânicas tiraram ao inglês a possibilidade de somar pontos e pódios no campeonato.
Depois da morte de Chapman, o clima com a Lotus esfriou e em 1985 Mansell ingressou na Williams, onde passaria a maior parte da carreira, com idas e vindas, mas sempre tendo como referência o 5 vermelho no bico dos bólides ingleses. Foi com Frank que conquistou a sua primeira vitória, num emocionante Grande Prêmio de Brands Hatch, na frente do seu público.
Em 1986 lutou bravamente pelo campeonato, com corridas e ultrapassagens memoráveis, mas sofrendo uma terrível decepção na última prova da temporada. Favorito ao título, líder na tabela, o destino foi cruel com o Leão, que apenas levava o carro até o fim da prova de Adelaide, na Austrália, quando sofreu um violento estouro no pneu traseiro direito, no meio da reta, logo após passar a entrada dos boxes. Em alta velocidade, a suspensão desintegrou-se e o inglês precisou de toda a sua habilidade para segurar o carro na pista, as suas possibilidades de conquista do título tinham terminado, amargando a conquista de Alain Prost, que também teve um furo, só que com a velha sorte do “Professor” uns poucos metros antes do pit.
No ano seguinte seria derrotado psicologicamente pelo companheiro de equipa Nelson Piquet, acumulando um novo vice-campeonato, mas vencendo mais corridas que o rival. Ainda sofrendo um forte acidente no GP do Japão, que decidiu o campeonato a favor do brasileiro.
O ano de 1988 foi um ano perdido, com a Williams a perder os motores Honda para a Mclaren, e optando por uma motor Judd aspirado, muito mais fraco que os turbo. Ainda assim, foi combativo toda a temporada, registando um pódio, mas completando apenas 2 provas no campeonato. Para piorar o ano, contraiu sarampo no final da temporada, mas um contrato Ferrari, combinando os tons de vermelho, surgiu como novo estímulo para 1989…
O início do campeonato foi perfeito. Estreando o sistema de marchas semi-automáticas, o Leão venceu o GP de Jacarepagua, mas para o resto da temporada a novidade recusou-se a funcionar. Transformou-se num pesadelo, com uma infinidade de abandonos para ele e o companheiro, Gehard Berger. Ainda assim, no GP da Hungria, brindou-nos com mais uma ultrapassagem memorável, aproveitando-se da distracção de Senna ao dar uma volta de atraso, e levou a corrida, tendo partido da décima terceira posição!! Quem disse que não dá para passar em Hungaroring?
Em 1990 foi prejudicado durante todo o ano em favor de Alain Prost. A telemetria do seu carro era passada abertamente para os engenheiros do francês e esses não trocavam qualquer informação com o britânico. Chegou a declarar a sua aposentadoria, mas a promessa de um carro campeão e alguns milhões de Frank Williams fizeram reviver o espírito do Leão. Como se fosse para comemorar, deliciou-nos com uma ultrapassagem “impossível”, na curva Peraltada, no GP do México, por fora em cima do ex-companheiro Gehard Berger.
Apesar dos testes positivos na pré-temporada, o ano não começou muito bom para Nigel. Três abandonos nas quatro primeiras corridas e ainda a vitória no Canadá colocada no lixo devido a um problema eléctrico e mental do inglês, que baixou muito o ritmo na última volta, fazendo o carro desligar.
A partir daí a equipa acertou, e Mansell acumulou vitórias diminuindo corrida a corrida a diferença para Ayrton Senna. O marco da reviravolta foi a corrida de Barcelona, onde, na chuva, percorreu toda a recta principal a centímetros das rodas do brasileiro, ganhando a liderança na travagem. Mas novamente o destino foi cruel com o Leão. No GP de Portugal um pitstop atrapalhado da Williams transformou o carro num triciclo, com Mansell a chorar desesperado no cockpit. Os mecânicos terminaram a troca fora da área reservada (no braço), e o inglês saiu rasgando das boxes, recuperou 10 posições, em 20 passagens, foi desqualificado, no entanto.
Frank Williams cumpriu sua promessa, porém. Em 1992 Mansell não tinha apenas um carro campeão. À sua disposição estava o único carro que poderia ser campeão. Dotado de uma tecnologia nunca vista na categoria, o FW14 dizimou a concorrência durante o ano. É injusto, entretanto, dedicar apenas ao carro o campeonato do Leão. Mansell também destruiu seu companheiro de equipa Riccardo Patrese, abrindo largas distâncias nas provas e sendo campeão já na Hungria, chegando em segundo lugar, atrás de Senna. Finalmente um título, e a confissão do rival brasileiro: “É bom não é Nigel? Agora você sabe porque eu sou tão FDP na pista.”
Sem contrato para 1993, não querendo repetir a triste parceria com Prost, foi para a Fórmula Indy, onde não precisou lutar tanto quanto na F1 para vencer. Campeão no ano de estreia e único detentor de ambos os títulos, da F1 e Indycar no mesmo período. Em 1994, voltou para as quatro últimas provas do ano, começando devagar, um pouco fora de forma, na França, mas ganhando na última corrida, em Adelaide, a última da carreira e o legítimo último rugido de um leão na F1. Duas provas pela McLaren em 1995, num carro difícil e cercado de críticas e brigas com Ron Dennis não deviam nem constar no currículo do mais bem sucedido piloto inglês da História.
O “Red Five” foi o último de uma geração. Foi o fechar da Era dos Grandes Campeões da F1.
Bela retrospetiva de um piloto humilde que subiu na sua carreira pela sua crença,persistencia e nunca desistindo de tudo o que todos julgavam dificil.Homem de estatura pequena mas de grande palmarés.Parabens Luis por este excelente trabalho.gasparmatos.Abraço
ResponderEliminarOla Gaspar. parabéns ao Luís e ao Nelson o autor do artigo. o gtdrivingclub tem mesmo uns bons "pesos pesados" ;)
ResponderEliminarGrande abraço
Gaspar, obrigado mas o seu a seu dono, este trabalho fantástico é da autoria do Nelson Fernando ;) que tem a paciência de pesquisar a informação, fotos e publicar.
ResponderEliminarAbraço